Augusto Aguiar, bebedourense da gema, gerente aposentado dos Correios, mantém o Blog www.m-cultural.blogspot.com onde escreve sobre assuntos diversos (ênfase em Literatura), no jornal www.stilocidade.webnode.com. e Folha da Cidade. Cronista e poeta, fã do crítico literário Jorge de Sá, autor do livro A Crônica, define este gênero literário como uma prosa rápida com o leitor.
- Membro Correspondente da Academia Riberãopretana de Letras e Filiado à União Brasileira de Escritores.
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29 Julho 2013
Ananias, o Primata, entrevistado pela coluna Prosa Rápida, edição de 13/07/13, responde ao e-mail enviado pelo leitor Manolo Lobo.
Vamos lá, então:
“Senhor Ananias
Li a sua entrevista. Nela, definiu: ‘Os Três Poderes são perfeitos apenas na arquitetura de Niemeyer, nada mais’. Noutra resposta, a respeito do aplauso, afirma que: ‘(...) uma platéia em pé, aplaudindo alguém, pactua com os mesmos erros daquele que é aplaudido’. Por gentileza, diga-me: qual é a sua linha ideológica?
Atenciosamente, Manolo Lobo”.
RESPOSTA DE ANANIAS
“Prezado Manolo
Os Três Poderes – e os fatos comprovam diariamente – têm a sua “arquitetura moral” deformada pelos maus representantes do executivo, maus parlamentares, maus magistrados etc. Portanto, restou apenas o irretocável estilo arquitetônico de Niemeyer. Existem ótimos representantes dos Três Poderes, claro. Atenho-me aos maus.
Para os algozes da boa Política, o bem estar de milhões de brasileiros é como a apendicite para a Medicina: não tem finalidade.
Em 1969, a caminho da Lua, os astronautas americanos, lá do espaço, viram a Praça dos Três Poderes. Um deles comentou:
-Um pequeno passo para a Arquitetura, um grande salto para a Corrupção.
Pra mim, através de atitudes, os maus representantes desses Poderes devem revestir-se de condutas severas. Adotarem meios de transportes menos sofisticados para as suas viagens oficiais. Exemplo: via de superfície, um Fusquinha idêntico ao do presidente do Uruguai; via marítima, um tsunami. Por fim, via aérea, num dia bem quente, as asas de Ícaro.
A fim de dirimir dúvidas, os percursos terrestres e marítimos são classificados no contexto de vias de superfície. Objetivando uma melhor semântica, separei-os.
Na segunda pergunta, a questão do aplauso unânime pactuar com os erros do aplaudido, a resposta é fácil. O pessoal, nessas ocasiões, usa a orelha em lugar do cérebro (regra eficaz do professor Celso Pedro Luft ao ensinar o emprego correto da vírgula).
Por fim, devo informar-lhe que sou um homem livre, desacorrentado de qualquer Ideologia. Esta, dizem, é uma ferida narcísica que Marx acrescentou às de Freud. E daí surgiu o bacanal. Berlusconi, ex-primeiro-ministro da Itália, que o diga.
Um cordial abraço. Ananias, o Primata”.
Agradeço aos leitores Manolo e Ananias pela leitura desta coluna.
No seu dia a dia, Ananias, O Primata, numa atitude filosofante, faz profundas imersões a respeito dos erros e acertos do Homo Sapiens. Nesta entrevista, opina sobre temas diversos.
* Ananias, o que é uma Teoria?
Algo sobre o qual você escreve, mas que já funciona na prática.
* E uma fórmula?
É a cartomante da Teoria.
* Defina a Teoria dos Três Poderes.
Perfeita apenas nas fórmulas e formas da arquitetura de Niemeyer, nada mais.
* Se houver Reforma Política, os parlamentares votarão o fim ou não do voto secreto?
São especialistas em deixarem lacunas na lei.
* Na resposta acima, por que o sujeito está implícito na desinência verbal?
Representa os parlamentares que optam pelo voto secreto. Sempre discretamente escondidos nos momentos nevrálgicos. Fazem o que os bons políticos não fazem.
* O que é Ficha Limpa?
A Ficha Limpa é uma ficha em branco, moralmente em branco. Caso tenha apenas um rabisco imoral, não é mais limpa. Já estará um pouco suja embora muitos achem isso pouco.
* Qual o seu conceito a respeito do voto ?
O voto está para o eleitor, assim como a alavanca está para Arquimedes. Este disse: “Dêem-me uma alavanca e moverei a Terra”. O povo dispõe da alavanca, o voto.
* Por que fundaram o Banco do Vaticano?
Para guardarem a arrecadação com as indulgências na Idade Média. E não foram poucas
* Acabaram-se as indulgências?
Apenas na religião católica. Sobrevivem na Política.
* Quem vai ganhar a Copa do Mundo de 2014?
As empreiteiras, sem dúvida.
* O que era a vaia?
A vaia era um mero exercício fonoaudiológico. Hoje, já não é mais.
* O que é o aplauso? Ou melhor, o que é uma platéia em pé aplaudindo alguém?
É pactuar com os mesmos erros daquele que é aplaudido.
* O que é delação premiada?
Forma culta de escrever a coloquial "dedo-duro fica menos tempo na cadeia".
* A partir de que idade deveria ser aplicada a maioridade penal?
Pra mim, a partir da data de nascimento.
* O camarão fará parte do cardápio rotineiro dos brasileiros das classes menos favorecidas?
Isso ocorrerá quando as classes mais favorecidas descobrirem que o camarão é o "urubu do mar". Quer achar um cadáver no mar? Guie-se pelos camarões.
Perdi um poema por aqui
mas preciso reescrevê-lo; quem achá-lo,
por favor, basta reencaminhá-lo.
Tem versos livres e regulares.
É um poema democrático
pra transitar por todos os lugares.
Vou colocar mais palavras
que não machuquem o ritmo do verso
E numa lição de ética
respeitar os limites da Licença Poética.
Crédito da imagem: https://www.butecodoflamengo.com/2012/03/refletindo-sobre-o-socio-torcedor.html
Na sala de espera do cabeleireiro, Motinha - com o seu inconfundível chapéu de malandro - ouvia a conversa de um engenheiro nuclear e um professor.
- Viveremos um sério problema com o lixo nuclear – comentou o engenheiro.
- O curioso é que o presidente Obama é entusiasta da ideia de que a energia nuclear é a maior fonte de combustível e não gera emissões de carbono – explicou o professor.
- É natural a postura dele, pois os Estados Unidos- disse o engenheiro - dependem do combustível fóssil (petróleo) de outros países.
- Países com pequena extensão geográfica e com pouca fonte de hidroeletricidade – lembrou o professor - comungam da mesma opinião do presidente dos Estados Unidos.
- Os rejeitos atômicos, ou seja, o lixo nuclear pode ser reciclado. No entanto, o lixo de alta atividade não reciclado irá para depósitos subterrâneos. Sempre haverá um risco. – justificou o engenheiro.
O professor percebendo Motinha atento ao assunto, disse-lhe:
- O lixo atômico é um problema quase insolúvel.
- Acho que não – respondeu Motinha.
-Não sei por que o senhor diz isso – interrompeu o engenheiro nuclear.
- O problema do lixo atômico ?
Não se espante, porque a solução é fácil. É só levá-lo para o Triângulo das Bermudas – finalizou Motinha.
(Augusto Aguiar)
Filiado à União Brasileira de Escritores - UBE
Motinha foi trabalhar na área de vendas de uma grande empresa siderúrgica. Vendia tubos industriais (quadrados, retangulares e redondos), tubos galvanizados, ferros quadrados e redondos, perfis de estoque e sob encomenda, chapas de aço, chapas galvanizadas, telhas galvanizadas onduladas, além de outros materiais destinados aos serviços de serralheria.
Os vendedores atendiam o cliente presencialmente e por telefone. Neste caso, algo similar ao telemarketing, num raio de duzentos quilômetros. As vendas contemplavam clientes avulsos e grandes clientes.
Tão logo adquiriu desenvoltura, foi liberado para atuar sozinho. Com o senso de observação apurado, sacou a postura dos compradores (Setor de Compras) das grandes empresas vinculadas à sua carteira de clientes.
Perfil autocrata, mal educados, soberbos. Assim eram os compradores. Por executarem uma função de compras, achavam que podiam usar e abusar daqueles que vendiam-lhes.
Motinha pensava:
Esses caras representam mal as marcas paras as quais trabalham, apesar dos seus produtos serem ótimos. Muitos deles já foram deselegantes comigo. Diante de um produto deles, não comprarei. Virão à memória os momentos desagradáveis a que submeteram-me.
Certo dia, o diretor de uma dessas empresas, empenhado com a imagem institucional da mesma, ligou e foi atendido por Motinha.
Explicou que a intenção da pesquisa, apesar da empresa de Motinha ser apenas fornecedora, era colher informações e sugestões que pudessem ajudá-lo a implementar novos conceitos.
Motinha expôs uma série de argumentos, sobre a postura do Setor de Compras, que despertaram a atenção do seu interlocutor.
-No meu lugar, Sr. Motinha, qual a sua ação para sanar esse problema ?
-Para mim é muito simples – explicou - dê um Curso de Vendas para o seu Setor de Compras. É a melhor solução – única – por sinal.
Na banca de revistas, Motinha encontrou o amigo Fernando. Este comprou uma revista com Freud e o seu inseparável charuto na capa.
- Fumava demais esse cidadão – disse Motinha.
- Foi o pai da Psicanálise – esclareceu Fernando.
- Pensei – brincou Motinha - que Psicanálise fosse a marca dos charutos.
- Não !!! É um método psicoterápico – explicou o interlocutor rindo.
- Mas cá entre nós, emendou Motinha: na época, o homem foi o garoto-propaganda com custo zero para a indústria de charutos.
Fernando disse:
-Freud, através da Psicanálise fez nascer a cura pela fala. No seu consultório, havia um divã no qual os pacientes deitavam-se durante as sessões de Psicanálise.
-Mas se a cura era pela fala, qual a necessidade do paciente deitar-se no divã ? Nesse processo de terapia, pelo que entendo – ponderou Motinha -não havia o contato físico.
- Divã, palavra de origem persa, significa o lugar da fala. O de Freud era coberto por um tapete persa e almofadas de veludo. Um luxo, não há dúvidas. Mas a finalidade principal – garantiu Fernando -era deixar o paciente mais relaxado, sem tantas defesas e resistências. Nessas condições, ele se abria mais com Freud. Este pedia ao paciente que contasse tudo o que pensava e o paciente deixava a censura de lado. Na maioria das vezes, claro.
Acrescentou:
-Na época ele foi chamado o Colombo do Espírito.
-Não seria melhor chamá-lo de o Colombo da Mente, fica mais científico – retrucou Motinha.
-Concordo, Motinha – disse Fernando. No entanto, naquele tempo, a terminologia era essa: Colombo do Espírito.
-Freud era uma fera – definiu Motinha.
.-Deu pra entender ? – perguntou Fernando.
-Sim, claro. No tribunal do júri, se instalassem o divã de Freud para os réus, tudo ficaria melhor. Eles relaxariam, ficariam desarmados das defesas e resistências e confessariam tudo, sem nenhuma autocensura. Além disso, pelas técnicas da Psicanálise, não estariam falando frente a frente com ninguém. No entanto, se isso acontecesse, haja delação premiada. - finalizou Motinha.
Há alguns anos, o eleitor em trânsito fazia a sua justificativa eleitoral –erroneamente chamada de voto em trânsito- nos Correios, Filas múltiplas no atendimento: uma para comprar, outra para preencher e outra para carimbar os formulários. Havia outros entraves, por exemplo: muitos eleitores retiravam o título e o dinheiro da carteira apenas no momento do atendimento. Multiplicando-se isso por 3000 eleitores –média de pessoas que justificavam em uma das agências do interior do estado - o tempo improdutivo tornava-se assustador. As filas eram enormes.
Na vida tudo é estatística. A agência dos Correios resolveu pesquisar e detectou esta realidade: desses 3000 mil eleitores, 65% estavam fora do seu domicílio eleitoral, mas residiam na cidade. Ou seja, apenas não haviam transferido o título de eleitor. Os restantes residiam fora.
Vinte dias antes das eleições, a mídia falada e escrita passou a ser acionada. O eleitor fora do domicílio eleitoral, mas residente no município, era convidado a adquirir antecipadamente o formulário e levá-lo para casa, já preenchido pelo atendente dos Correios. Aos poucos, essa sensibilização transformou-se em autodisciplina.
Assim, no dia da eleição, o tempo de espera na fila seria mínimo; as justificativas emitidas antecipadamente eram assinaladas com um xis e o atendente, ao recepcioná-las no dia das eleições, sabia que estavam isentas de conferência. Bastava carimbá-las. Outros mecanismos foram atrelados ao processo de diminuir o tempo de espera na fila.
No dia das eleições, aproximadamente às 07h45min – o atendimento dar-se-ia a partir das 8h - um ingênuo repórter volante de uma emissora de rádio passou pela agência e constatou uma fila de duzentos metros de extensão.
Dirigiu-se até a emissora e anunciou: “Fila quilométrica para justificar o voto nos Correios. Usuários serão penalizados com um grande tempo de espera na fila”.
Às 8h15min, o repórter compareceu aos Correios para fazer um link com a central de apuração da emissora. Espantou-se, a fila não estava mais lá. Entrevistou o responsável pela agência e obteve as informações a respeito do fato. No ar exclamou:” -Pensei que...que...que....”.
Motinha, íntimo da turma dos Correios, disse ao repórter:
-Pensou com a ponta da língua !!!