Igreja inaugurada em 1788 é um dos mais importantes remanescentes do século XVIII paulista em estilo barroco-rococó
O governador Geraldo Alckmin anunciou neste sábado, 05 de janeiro, a liberação de R$ 7,2 milhões para segunda etapa do restauro da Igreja das Chagas do Seraphico Pai São Francisco, que pertence à Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência da Cidade de São Paulo. Para a realização das obras, um convênio entre a Secretaria de Estado da Cultura e a Mitra Arquidiocesana será celebrado nos próximos dias. No total, serão investidos pelo governo R$ 12,4 milhões.
Localizada no centro da capital, a Igreja compõe o patrimônio histórico paulista e é tombada pelo Condephaat desde 1982. Inaugurada em 1788, é um dos mais importantes prédios remanescentes do século XVIII paulista; a autoria do projeto de construção da Ordem Terceira é atribuída a Frei Galvão.
Nessa segunda etapa estão previstas obras de restauro das paredes, das esquadrias internas, dos vitrais, do claustro, das escadas, de todos os painéis de madeira, a complementação da restauração dos pisos internos, entre outros itens. Além disso, será feita a recomposição estrutural dos altares, a complementação da iluminação interna e externa e a instalação de novos bancos. Será implantado o sistema de sonorização e de segurança patrimonial.
A Ordem Terceira já foi contemplada com uma primeira fase de obras que envolveu um trabalho emergencial de descupinização, desenvolvimento do projeto para a recuperação das coberturas e reforma da parte interna do prédio, além do restauro da fachada. Durante esse período, foram encontrados diversos objetos da época, tais como: joias, esculturas, coleção de altares, telas entre outros.
O restauro da fachada se deu por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Rouanet) e o recurso foi captado pelo Instituto de Cultura Democrática (ICD), o processo foi aprovado pelo Condephaat em setembro de 2010.
Com esse novo convênio, o Governo do Estado de São Paulo dará continuidade aos trabalhos de recuperação deste importante patrimônio cultural paulista.
A igreja
A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco é um dos mais importantes remanescentes do século XVIII paulista, em estilo barroco-rococó. A maior parte da planta final foi feita por Frei Galvão, que era da Ordem franciscana. A doação do terreno ao lado da Igreja de São Francisco foi feita pelos franciscanos à Ordem Terceira em 1783. O prédio foi pintado por um dos melhores artistas da época – José Patrício da Silva Manso (1790-1791).
Em seu interior, há vários altares do século XVIII e XIX - um desses altares foi oferecido pela Corporação Militar ao Brigadeiro Tobias, corporação que tinha sede no Quartel Brigadeiro Tobias, na Avenida Tiradentes, hoje tombado pelo Condephaat; outro altar foi oferecido ao Corpo de Bombeiros, que nasceu em 1880, em razão do grande incêndio da Faculdade de Direito, ao lado, quando se verificou a inexistência de socorro a incêndios em São Paulo e se criou o Corpo de Bombeiros da Capital (1880).
Na Igreja, eram enterrados os notáveis, antes da existência do Cemitério da Consolação. Estão lá os restos mortais de: Raphael Tobias de Aguiar (1857) (marido da Marquesa de Santos); Genebra de Souza Queirós (1855) (ligada ao Barão de Sousa Queirós); José Francisco de Souza Queirós; Ana Blandina da Silva Prado (1834) (parente da Veridiana Prado), entre outros.
Primeira etapa do restauro
Custo: R$ 5,2 milhões
Foram realizados: descupinização, análise do madeiramento; contratação de obras emergenciais para garantir a preservação do imóvel durante o projeto básico: substituição de telhas conforme modelo existente em vários locais das coberturas; escoramento de pontos da estrutura do telhado (treliças, terças, caibros e oitões); desobstrução e limpeza geral de calhas, condutores e rufos. Instalação, onde necessário, destes mesmos elementos; inspeção geral e reparos em caixa de passagem, ralos de águas pluviais; desvio de tubulação de águas pluviais para o largo de São Francisco, da caixa de passagem da lateral da igreja (a tubulação existente apresentava vazamentos); fechamentos de pontos do telhado com telas e anteparos que impeça o acesso de aves e águas de chuva; limpeza geral de estrutura do telhado e forros, removendo entulho, pó e excremento de aves; escoramento da estrutura do Coro da Nave; remoção de revestimentos que apresentam descolamento; desmontagem do mezanino (área de trabalho da antiga marcenaria). Restauro estrutural, da fachada e da cobertura; instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias; acessibilidade; projeto de museologia.